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A corrida econômica global contra os impactos do Covid-19

  • Foto do escritor: Nicole Leao
    Nicole Leao
  • 9 de jun. de 2020
  • 5 min de leitura

Entenda as medidas tomadas pelo Brasil e duas potências econômicas frente ao vírus que abalou o mercado financeiro



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O avanço do novo coronavírus vem causando impactos em diferentes áreas da economia global, e segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mundo já enfrenta um choque maior do que a crise financeira de 2008. A doença já se espalhou por mais de 60 países de todos os continentes e diante de uma ameaça desconhecida se fez necessário o isolamento social em diversas regiões, o que provocou o fechamento de fábricas, comércios e interrupção em atividades de produção, levando a economia a um declínio.


Segundo a Daiane Santos, professora e pesquisadora da área econômica, a questão principal é a demanda agregada nesta crise, ela afirmou:

Teremos uma queda acentuada no consumo global. Essa, diferentemente da crise de 2008, é uma crise sem epicentro (do ponto de vista econômico) e afeta a oferta e a demanda, não é só uma questão de preços”.


Na China onde se iniciou a transmissão do vírus, a principal medida tomada para conter a disseminação foi fechar fábricas e lojas em todo país, o que levou a uma queda na produção industrial no mês de março de 13,5%, conforme indicado pelo Escritório Nacional de Estatísticas. Além disso, as vendas no varejo, um indicador-chave do estado do consumo, caiu 20,5% em relação ao ano anterior, o maior declínio da série histórica. Apesar disso, o governo chinês acredita que as consequências econômicas da pandemia são “controláveis e de curto prazo".


A maior economia do mundo, os Estados Unidos, também vem enfrentando uma grave crise financeira. O país tem a maior quantidade de óbitos registrados até o momento e segundo Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o Banco central norte-americano), os danos causados pela pandemia à economia podem ser duradouros. No mês de abril deste ano, a taxa de desemprego chegou a 14,7% e o PIB se contraiu para 4,8%, mesmo com as medidas do plano de reativação econômica dos EUA.


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O plano de 2,2 trilhões de dólares previa pagamentos aos cidadãos americanos no valor de US$ 1.200, seguro desemprego em um valor fixo de US$ 600 por semana durante quatro meses para os desempregados, auxílio aos empreendimentos incluindo US$ 377 bilhões em ajuda às pequenas empresas, US$ 500 bilhões em empréstimos a grandes empresas e auxílio ao sistema de saúde de US$ 172,1 bilhões. Além disso, o departamento de educação recebeu US$ 30,8 bilhões para apoiar as escolas e universidades, que estão fechadas em todo o país.


Em entrevista, a pesquisadora Daiane explicou como a crise enfrentada pelo país afeta a economia global: “Os EUA são grandes demandantes e ofertantes de produtos e serviços para o mundo. O país em questão é um dos 3 maiores parceiros comerciais do Brasil. No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil exportou para os EUA US$6.991.584.846 em produtos”. Segundo a economista as principais mercadorias que compõe este valor são: Ferro fundido, ferro e aço – US$1.110.138.241, combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais - US$ 905.863.881, além de reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes - US$ 849.676.198.


Logo, provavelmente o desaquecimento da economia americana (desemprego e queda na produção e consumo) afetará, via demanda de produtos, outros países, principalmente o Brasil. Essa é uma das vias de impacto negativo”, continuou a pesquisadora.


O Brasil em meio a pandemia



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No Brasil, o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no dia 26 de fevereiro e se disseminou rapidamente pela população. Com isso, medidas de restrições começaram a ser aplicadas em vários locais do país com forte resistência de parte da população, o que vem causando um agravamento no cenário econômico pela falta de medidas severas de isolamento social e controle da população logo no início da transmissão da Covid-19.


Segundo o relatório Focus do Banco Central, divulgado no dia 4 de maio, os economistas consultados acreditavam que o Produto Interno Bruto (PIB), do Brasil teria uma retração de 4,11%, já o relatório do dia 5 de maio apontava uma retração de 5,12%, apesar das medidas anunciadas pelo governo federal que soma R$ 558,2 bilhões na tentativa de enfrentar este período de extrema crise. Se contabilizado os recursos disponibilizados pelos três principais bancos públicos (BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), a cifra chega a cerca de R$ 867 bilhões.


Para as empresas, uma das medidas apresentadas foi o deferimento no pagamento de contribuições previdenciárias, PIS/PASEP e Cofins, que conforme o governo federal deu um fôlego de R$ 80 bilhões para o caixa dos negócios. Além disso, houve a polêmica suspensão temporária do contrato de funcionários por até dois meses e a redução da jornada e salário em 25%, 50% e até 70%, por três meses.


Segundo a Especialista em Finanças, Mariany Rodrigues, é difícil generalizar, o impacto desta decisão nos lares brasileiros, pois cada família tem uma situação econômica. Porém, ela acredita ser melhor que romper o contrato, tanto para o empregador que consegue diminuir custos, quanto para o empregado. JÁ a economista Daiane também acredita que está foi uma decisão viável, em entrevista ela afirmou: “O Brasil, diferente dos EUA, tem custos de contratação e demissão muito altos. Dessa forma, para os negócios que acreditam que permanecerão ativos após a crise, pode ser interessante. Obviamente para o funcionário é melhor ter uma redução de jornada e salários do que perder o emprego, em última instância essa decisão sempre compete ao funcionário”.


Pensando nos negócios também foi criada uma linha de crédito emergencial de R$ 40 bilhões para pequenas e médias empresas financiarem o pagamento dos salários de funcionários por dois meses e ocorreram alterações de regras trabalhistas para regularizar o teletrabalho, para o uso do banco de horas e antecipação de férias. Além disso, o governo federal anunciou uma fase de liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nas medidas para auxiliar o cidadão, o que segundo o Poder Executivo levaria a uma injeção de aproximadamente R$ 36 bilhões na economia.


Outras medidas que tiveram importância no auxílio aos cidadãos foi a antecipação do abono salarial para junho, com liberação de R$ 12,8 bilhões, reforço de R$ 3 bilhões para o Programa Bolsa Família, com a inclusão de mais 1,2 milhão de beneficiários e o pagamento de auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, intermitentes e microempreendedores individuais (MEI). Este benefício será repassado por três meses e será pago em dobro para mulheres chefes de família.


Ao ser perguntada sobre a melhor medida econômica tomada pelo governo até o momento e a pior, Mariany Rodrigues afirmou: “Os auxílios emergenciais ajudam muitos profissionais autônomos, acredito que está seja uma boa medida, e para os empresários, flexibilização e algumas reduções em cargas tributárias também. A pior, a meu ver, foi a saída de 2 Ministros da Saúde, o que agrava mais a crise econômica devido à insegurança gerada nos brasileiros e investidores com a incerteza do que está por vir”.


Apesar das medidas e auxílios, ainda sim, o país enfrentará grandes desafios neste período quando as atividades começarem a voltar ao normal, assim como em todo o mundo, segundo Mariany, a recuperação econômica provavelmente será em V ou U, onde ou ela terá uma alta rapidamente, ou enfrentará um período de prostração, após a criação de uma vacina.


O melhor caminho que o Brasil e o mundo pode tomar é lutar para a diminuição do número de casos, para haver um controle da situação e desta forma as atividades econômicas possam ser gradualmente retomadas, seguindo o exemplo de nações pioneiras no combate da Covid-19, como a Nova Zelândia, Alemanha e Noruega, segundo a doutora em economia Daiane Santos, certamente as medidas sanitárias tiveram impactos positivos para o Gross Domestic Product (GPD), dessas regiões.


Nicole Leão de Andrade, 2020




 
 
 

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